A prescrição de antidepressivos está, frequentemente, associada a algumas questões sobre o uso destes fármacos e as repercussões e efeitos na resposta sexual. Em ambiente de consulta (Medicina Geral e Familiar ou Psiquiatria) estes tópicos são habitualmente explorados para que seja fornecida informação ao utente e sejam esclarecidas potenciais dúvidas. De seguida, algumas das questões mais comuns:
A medicação antidepressiva ou para o tratamento da depressão pode afetar a resposta sexual?
Sim pode afetar. Alguns antidepressivos podem afetar uma ou mais das três fases de resposta sexual (desejo, excitação e orgasmo).
De que forma pode afetar?
O efeito na resposta sexual pode ser positivo, negativo ou nenhum. Depende de cada caso e prescrição. Alguns antidepressivos apresentam maior incidência de efeitos secundários do que outros. A depressão pode também interferir na resposta sexual. A resposta sexual é variável de pessoa para pessoa e até na mesma pessoa pode apresentar variações ao longo do tempo.
O tratamento com antidepressivo pode melhorar a minha vida sexual?
Sim. Existem antidepressivos onde o efeito na resposta sexual pode ser benéfico (aumento do desejo sexual, prolongamento do tempo até ao orgasmo). Por outro lado, a melhoria dos sintomas depressivos também pode levar a uma melhoria na vida sexual.
Quais os efeitos potencialmente negativos na resposta sexual mais associados aos antidepressivos?
Associado ao tratamento antidepressivo poderá surgir ejaculação retardada (mais tempo até atingir o orgasmo, o que é visto como bom por algumas pessoas), diminuição do desejo, atraso ou ausência de orgasmo, diminuição ou ausência de excitação sexual (que se podem traduzir através de maior dificuldade em atingir uma ereção satisfatória ou lubrificação vaginal insuficiente). Por vezes, o orgasmo não é atingido, situação que habitualmente é transitória. Muitas vezes a resposta sexual já está prejudicada pela depressão antes de iniciar a toma de antidepressivos.
Se tomar um antidepressivo a minha vida sexual vai piorar?
Nem todos os doentes sentem efeitos secundários associados ao tratamento e nem todos os doentes experienciam alterações da resposta sexual secundárias à medicação. Muitos doentes experienciam dificuldades sexuais por causa da depressão.
Se tiver alterações da resposta sexual associada a um antidepressivo há alguma coisa a fazer?
Sim. Deve abordar o assunto junto do seu médico de modo a perceber as queixas com a situação clínica e tratamento em curso. Quando se trata de um efeito adverso, este poderá remitir com a continuação do tratamento. Outras opções a explorar com o seu médico podem incluir: ajustar a dosagem, trocar o antidepressivo, associar outra medicação que pode incluir outro antidepressivo ou adicionar um medicamento para a ereção, quando aplicável.
Se tomar antidepressivo e a minha resposta sexual ficar alterada, ela nunca mais volta a ser a mesma?
Depende. Às vezes a resposta sexual melhora substancialmente após tratamento do quadro clínico. Vá a par e passo com o médico que prescreveu o tratamento.
Se ao tomar o antidepressivo a minha resposta sexual ficar alterada, posso parar imediatamente?
A alteração da resposta sexual habitual deve ser discutida em contexto de consulta, para que se possa perceber qual a causa provável dessa alteração. A interrupção imediata de alguns psicofármacos podem desencadear um agravamento do quadro psiquiátrico ou sintomas desconfortáveis para a pessoa, pelo que deve discutir a interrupção, substituição ou ajuste da medicação com o seu médico.
Os antidepressivos são os únicos fármacos capazes de causar alterações na resposta sexual?
Existem várias classes de fármacos capazes de criar alterações da resposta sexual (exemplo: antihipertensores, esteroides, antipsicóticos). Se suspeitar que tal possa estar a acontecer, deve discutir com o seu médico essa possibilidade e preocupação para que sejam investigadas e resolvidas potenciais causas.