SAÚDE MENTAL NO TRABALHO: PARA O TRABALHADOR E PARA A EMPRESA
Os problemas de saúde mental, como a depressão e a ansiedade, têm um impacto negativo e significativo a nível individual e em particular no plano profissional, explicando grande parte da redução da produtividade e do absentismo laboral. Considerando esta realidade, a Ordem dos Psicólogos Portugueses estima que, em Portugal, dois em cada dez trabalhadores apresentam vulnerabilidades em termos de saúde mental, pelo que se torna de extrema relevância o rastreio, avaliação e acompanhamento destas questões no âmbito do trabalho.

Controlo e Gestão de Fatores Psicossociais
A Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho considera os fatores organização do trabalho e relações interpessoais como fundamentais na promoção da integridade psicológica dos trabalhadores e prevenção de situações-problema no trabalho, tais como:
- O stress ocupacional (experienciado quando as exigências laborais são superiores à capacidade de gestão pelo trabalhador)
- A síndrome de burnout (caraterizada pelo esgotamento a nível profissional)
- A violência e o assédio moral e sexual
- A fadiga e carga mental (diretamente relacionadas com os horários de trabalho atípicos que dificultam a conciliação da vida pessoal com a profissional)
- O presentismo (fenómeno de passar mais horas “ligado” ao trabalho que o previsto)
- As exigências do trabalho emocional (relacionado com o distanciamento pessoal e gestão das emoções em funções específicas)
Necessidade de Promoção do Bem-Estar no Trabalho
Uma maior atenção face à adoção de medidas que monitorizem e promovam o bem-estar nos locais de trabalho poderá traduzir-se em inúmeros benefícios para as organizações, entre os quais, a redução de custos ligados ao absentismo e o aumento do envolvimento, motivação e satisfação com a vida profissional.
Em termos gerais, a estratégia de prevenção de riscos psicossociais e de promoção da saúde mental assenta sobretudo num paradigma de humanização da experiência de trabalho, sendo claro que um trabalhador que esteja inserido numa organização que tem em conta a sua saúde e o seu bem-estar pessoal terá maior sentido de pertença e segurança, será mais produtivo e construirá um maior número de relações positivas com os outros.
A ação das Empresas nesta área
Conforme o Programa Nacional de Saúde Mental da Direção Geral de Saúde, considera-se imprescindível que as organizações e a própria comunidade adotem uma postura compreensiva e holística face a estas questões, disponibilizando serviços de apoio nesta área, bem como ações de sensibilizaçãoe formação para efeitos de prevenção/promoção da saúde mental, combate ao estigma e, por conseguinte, melhoria da produtividade empresarial.
A aposta das empresas na prevenção, no diagnóstico e no acompanhamento é fundamental. A Ordem dos Psicólogos Portugueses faz referência a estudos científicos que demonstram um retorno de 9 Euros, por cada Euro investido nesta área. Não obstante, assumir as pessoas enquanto capital humano implica dignificar e não apenas quantificar. Esse processo pode ser adaptado a qualquer setor e em qualquer ciclo, implicando muita formação e consciencialização dos recursos humanos, das lideranças, dos decisores e dos funcionários das empresas, e no fundo, de todos nós.