A sexualidade é um tema constante de conversas, artigos em jornais e revistas, histórias do cinema e da televisão, capaz de provocar o riso, a dúvida, a vergonha, a curiosidade.
A sexualidade é habitualmente tida como um contacto entre pessoas que provoca um dado tipo de prazer (dito sexual) e que é base para a reprodução. Contudo, o sentido do que é sexual, erótico e íntimo pode abranger outros aspetos, de acordo com as múltiplas perceções existentes sobre este assunto.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sexualidade abrange diversos aspetos da experiência humana: as diferenças biológicas entre mulheres e homens, as identidades e papéis de género, a orientação sexual, o erotismo, o prazer, a intimidade e a reprodução.
A sua vivência e expressão também engloba vários domínios, como pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relacionamentos. É influenciada pela interação entre fatores biológicos, psicológicos, sociais, económicos, políticos, culturais, legais, históricos, religiosos e espirituais. Trata-se de um aspeto central da experiência humana ao longo da vida que, como se viu, resiste a que se fixe uma definição universal.
É constante a presença do género e da sexualidade na nossa história pessoal e na maneira como estamos com quem nos rodeia. Com estas duas dimensões, somos colocados perante a forma como vivemos (e nos é permitido viver) a paixão e a intimidade, o encontro com os prazeres, a demonstração das nossas competências e forças, a construção de um espaço de aconchego e crescimento com um outro, fazer-se mãe ou pai, entre outras questões.
Inescapáveis e incorporados, o género e a sexualidade também podem conduzir a períodos de angústia, dúvida, tristeza, desistência. Em alguns desses momentos, conseguem-se encontrar soluções para essas dificuldades, frequentemente pela partilha com pessoas próximas ou mais experientes. Outras vezes, torna-se importante procurar apoio de profissionais de saúde que, tendo conhecimentos e treino em várias áreas podem oferecer ferramentas para lidar com as dificuldades, espaços de conforto e de trabalho terapêutico, informação específica e fundamentada, incluindo encaminhamento para outros profissionais especializados e recursos.
Em termos clínicos, as dificuldades sexuais são um campo amplo, relacionando-se com aspetos biológicos, psicológicos, interpessoais, sociais e culturais. Os problemas sexuais habitualmente relacionam-se com dificuldades em mais do que um deste aspetos, algo que é tido em conta na avaliação do problema e na proposta de apoio terapêutico As dificuldades sexuais são frequentes, porque são consequência do próprio modo como o corpo, a mente, a intimidade e a sociedade funcionam. As dificuldades sexuais não são um fracasso ou culpa de uma pessoa. Daí que, naturalmente, as dificuldades sexuais sejam um tema de trabalho para os profissionais de saúde, que procuram oferecer apoio. As dificuldades sexuais são, na sua maioria, reversíveis com terapêuticas relativamente simples. O maior obstáculo à resolução dos problemas sexuais é, frequentemente, a demora em obter ajuda.
Assim, nesta área da saúde – Sexologia Clínica – procura-se recorrer a instrumentos de vários tipos (aconselhamento, psicoterapia individual, psicoterapia com casal, medicação) e à colaboração de várias áreas profissionais (psicologia clínica, endocrinologia, psiquiatria, ginecologia, urologia, enfermagem, fisioterapia).
Não adie mais. Na presença de uma dificuldade e/ou problemática sexual, procure ajuda através de profissionais de saúde com experiência em terapia sexual e medicina sexual, disponíveis na comunidade (centros de saúde, centros de juventude, linhas de apoio) ou em hospitais (consultas de Sexologia).