Estigma e COVID-19

O que é o estigma?

Estigma é o processo que ocorre quando alguma caraterística – “uma marca” – é assinalada como indesejável, baseada em estereótipos e preconceitos negativos, o que conduz à discriminação de pessoas ou grupos.

Em saúde, estigma representa uma associação negativa entre uma característica de uma pessoa ou grupo de pessoas e uma doença específica, sem se provar que esta associação é verdadeira. Ou seja, assumir que determinada pessoa tem uma doença ou está em risco de a ter, recorrendo a um julgamento superficial e sem sustentação.

Uma pandemia, ou uma crise de saúde pública, como o surto pelo novo coronavírus (COVID-19), é uma altura de stress acrescido para as pessoas e para as comunidades. O medo e a ansiedade associados à doença podem levar ao crescimento do estigma – dirigido a pessoas, grupos de pessoas ou locais afetados, mas também a pessoas que tenham saído de uma situação de isolamento ou quarentena, mesmo quando já não representam risco de propagar o vírus.

Porque é que há estigma associado à COVID-19?

Há alguns fatores que ajudam a explicar este fenómeno, entre eles:

  1. É uma doença nova e sobre a qual a ciência e os especialistas ainda não têm todas as respostas;
  2. Geralmente temos medo do desconhecido e daquilo que não sabemos;
  3. É fácil associar este medo ao outro.

Qual o impacto que o estigma pode ter?

O estigma pode prejudicar a união e a coesão da sociedade e contribuir para o isolamento de alguns grupos, o que pode ainda promover uma propagação mais rápida do vírus. Como?

  • Pode levar a que algumas pessoas escondam sintomas da doença para evitar serem alvo de discriminação;
  • Pode fazer com que algumas pessoas não procurem ajuda tão rapidamente;
  • Pode desencorajar algumas pessoas a adotar comportamentos pró-saúde.

Quem está a ser afetado pelo estigma com a COVID-19?

Alguns grupos que podem ser alvo de estigmatização são:

  • pessoas com ascendência asiática;
  • pessoas que viajaram recentemente;
  • pessoas que já cumpriram isolamento/quarentena;
  • profissionais de saúde.

Há alguma coisa que possamos fazer contra o estigma?

A resposta é sim! Combater o estigma está ao alcance de todos nós. O que podemos fazer?

» Espalhar os factos

  • Partilhar informação apenas e quando baseada em dados científicos fiáveis e nos últimos conselhos de saúde oficiais;
  • Usar uma ampla variedade de canais de comunicação e influenciadores para amplificar vozes positivas e diversas e informações confiáveis e precisas a nível comunitário.

» As palavras importam!

  • Evitar alguns termos relativos a etiquetas geográficas/étnicas (ex.: Vírus Wuhan, Vírus da China) e expressões como  “casos suspeitos”, “infetando/ espalhando a outros”.
  • Alguns termos podem contribuir para perpetuar estereótipos negativos ou validar associações falsas entre a doença e outros fatores, servindo assim para propagar o medo e desumanizar aqueles que sofrem da doença.
  • Preferir a expressão “distanciamento físico”, em vez de “distanciamento social”. A expressão “distanciamento social” pode fazer parecer que nesta fase nos devemos isolar daqueles que nos são queridos. O contacto com o que nos são próximos deve ser mantido e privilegiado, sobretudo porque se trata de uma altura de stress acrescido, ainda que por outros meios: videochamadas, telefonemas, mensagens….

» Dicas de comunicação

  • Corrigir equívocos – é importante reconhecer no outro, os sentimentos e comportamentos que daí resultam. Ao mesmo tempo que mostramos uma atitude empática, podemos clarificar algumas ideias cuja exposição não foi totalmente clara.
  • Reforçar a importância da prevenção, das ações que podemos tomar, da procura de ajuda quando necessária, deteção precoce e tratamento, através de plataformas, por exemplo.
  • Partilhar histórias que sirvam de exemplos de solidariedade para com os que vivem a doença
  • Expressar apoio àqueles que trabalham na linha da frente da resposta à COVID19 (profissionais de saúde, voluntários, líderes da comunidade, etc.)

» Façamos a nossa parte!

  • Governos, meios de comunicação, profissionais de saúde, cidadãos e figuras públicas – todos temos um papel importante na prevenção e combate ao estigma pelo novo Coronavírus. Como?
  • Através da comunicação nas redes sociais e outras plataformas, quer amplificando mensagens de esperança e apoio aos que sofrem ou virão a sofrer diretamente com a doença e àqueles que, por algum motivo, são mais vulneráveis ao stress causado pela pandemia.