Todos nós já ouvimos certamente falar do termo calmantes, provavelmente até já o sugerimos a um amigo ou familiar em situações de maior stress e ansiedade. É também comum a utilização da expressão medicação para os nervos, a que genericamente os psiquiatras chamam de psicofármacos.
Mas a que diz respeito exatamente? Muitas vezes é sinónimo de benzodiazepinas – como o xanax e o sedoxil – um grupo de medicamentos com grande histórico de utilização desde os anos 60 e que ainda se encontra no topo de fármacos mais vendidos em todo o mundo, não sendo Portugal uma exceção. Esse grupo de medicamentos é assim conhecido, como calmantes, dado o seu efeito ansiolítico, tendo também um efeito hipnótico (provoca sonolência / induz o sono).

Mas será a sua utilização comum assim tão inócua? De facto, eles são úteis em situações pontuais, por exemplo quando a pessoa se sente muito ansiosa, como numa crise de pânico ou mesmo em contexto de insónia, em que a pessoa tem dificuldade em adormecer ou acorda muitas vezes durante a noite. No entanto, eles não tratam o problema de base, apenas aliviam temporariamente as manifestações que advém desse mesmo problema. Nestas situações, não nos devemos automedicar! Devemos procurar o nosso médico, ele saberá qual a medicação mais indicada em cada situação.
Uma das grandes preocupações relacionadas com a toma destes medicamentos é a sua utilização por tempo excessivo, dado que eles são recomendados apenas durante 2-4 semanas, incluindo já um esquema de desmame estabelecido. Ao serem utilizados por um tempo superior ao recomendado, torna-se mais difícil pará-los dado que causam tolerância e dependência. Isto é, são necessárias dosagens cada vez maiores ao longo do tempo para se manter o mesmo efeito e provocam sintomas de privação quando se tenta abandonar rapidamente a toma dos mesmos. São exemplos de sintomas de privação: náuseas, tremor, palpitações, sudação, ansiedade, agitação e insónia. Estes sintomas poderão ser semelhantes aos que motivaram a toma inicial do fármaco e dessa forma encorajar a continuação do mesmo.
A utilização por tempo excessivo está ainda associada a múltiplos efeitos adversos, alguns dos quais bastante sérios e até perigosos para a saúde do próprio e dos outros. Podem estar associados a deterioração cognitiva, com dificuldades na aprendizagem, na capacidade de concentração e alterações da memória e também a um maior risco de quedas, de fraturas e de acidentes de viação.
Estima-se que cerca de 60% dos utilizadores de benzodiazepinas se torne dependente desta medicação e manifeste reações adversas. No entanto, dos utilizadores crónicos, cerca de 2/3 é capaz de interromper a toma com apoio clínico. Caso tome estes medicamentos de forma regular e prolongada, peça ajuda ao seu médico para fazer uma interrupção dos mesmos e/ou procurar alternativas ao seu tratamento.