É natural que todos nos sintamos ansiosos ou “stressados” durante a pandemia. O impacto causado pelo vírus é significativo nas nossas rotinas diárias e muita coisa mudou.
O nosso sistema de defesa ajuda-nos a estar alerta para situações desconhecidas como esta que vivenciamos. Assim, podemos estar preocupados ou mesmo com medo. Questões iniciadas por “E se…?”, centram-se nas imprevisibilidades, não ajudam à elaboração de soluções, tendem a aumentar a sensação de falta de controlo e geram ainda mais ansiedade. Podemos procurar não alimentar estes pensamentos de insegurança ou de preocupação excessiva. É importante focar a atenção no que podemos controlar e definir um plano claro e objetivo que possamos seguir. Este plano deve visar a nossa segurança (adoptando as medidas de segurança recomendadas, por exemplo) mas também o nosso bem-estar, através da realização de “passeios higiénicos” e da socialização (através de videochamadas, telefonemas, etc).

Mas atenção, existem comportamentos que levados ao extremo podem ser prejudiciais (ex: rituais de limpeza). Por vezes é importante questionarmo-nos: “Será que este comportamento particular ajuda-me a estar seguro ou só o estou a fazer para diminuir a minha ansiedade?”. Estes comportamentos podem reduzir os níveis de ansiedade de forma imediata mas muitas vezes acabam por ser contraproducentes. É importante perceber e aceitar que é natural sentir alguma ansiedade e incerteza neste período.
Aprender a estar conectado com as nossas emoções e sensações físicas pode ser um desafio. É normal termos medo, sentirmos alguma agitação interior, estarmos mais tensos ou mesmo com alterações do sono por curtos períodos.
Devemos tentar realizar atividades que nos dêem prazer, mudar o foco de atenção para algo mais divertido. Fazer exercícios de relaxamento ou de meditação poderão ajudar a aceitar melhor os sintomas de ansiedade e a evitar pensamentos mais negativos ou catastróficos. Assim, estaremos mais disponíveis para procurar soluções para problemas, tais como:
1. Continuar a trabalhar neste novo contexto – Cumprindo as medidas de segurança ou trabalhando à distância. Mesmo em teletrabalho é importante manter os horários, faça pausas sem sentir culpa por isso;
2. Realizar compras em segurança – usar máscara, manter a distância física sempre que possível, lavar/desinfetar as mãos, ou ainda fazer as suas compras online – hoje em dia existem diversas opções, até as farmácias já disponibilizam entrega ao domicílio;
3. Promover o contacto social à distância – através de videochamadas, telefonemas ou redes sociais; procure saber como colegas e amigos estão a atravessar este momento; a partilha de experiências e a sensação de conexão podem ajudar nesta travessia.
4. Recuperar energia e manter o auto-cuidado – dormir as horas suficientes, manter os hábitos de higiene diários, realizar exercício físico, exercícios de relaxamento e atividades de lazer. É importante reconhecer que não somos perfeitos e que as orientações e políticas nesta época mudam rapidamente, mantenha-se informado mas limite o tempo dispendido a notícias sobre a Covid-19 a um período do dia.
5. Como explicar às crianças – falar numa linguagem apropriada à idade, partilhar apenas o suficiente que ajude a entender o que se passa e como se protegerem. Não esquecer que somos os modelos dos nossos filhos. É importante mostrar uma resposta apropriada e calma, não alimentar comportamentos ansiosos, ter cuidado como falamos com outros adultos em frente às crianças e limitar o tempo de exposição à informação dentro de casa.
Estamos todos limitados neste momento dadas as restrições em vigor mas é fundamental encontrar formas de preservar o que é importante nas nossas vidas e garantir que tomamos conta de nós!
Baseado em – Anthony Puliafico, PhD, director of the Columbia University Clinic for Anxiety and Related Disorders: https://www.cuimc.columbia.edu/news/worried-sick-fighting-stress-and-anxiety-midst-covid-19